EDITORIAL
Palavras-chave:
EditorialResumo
Era janeiro de 2018 quando lançamos o volume 1 – e nele o número 1 – de nossa Revista do Instituto Brasileiro de Segurança Pública (RIBSP – ISSN 2595-2153) que, como registrado em seu Editorial trazia “trabalhos, nos quais os articulistas procuraram focar no delineamento epistemológico da ‘Ciência Policial’ e o escopo acadêmico do IBSP”; naquela edição, dois objetivos então foram traçados: o primeiro era anunciar à comunidade científica a criação de um novo instituto de pesquisa (o Instituto Brasileiro de Segurança Pública - IBSP) e, como segundo, a proposta de abrir o debate público sobre uma específica área do conhecimento (as Ciências Policiais); distintos são, desde sua concepção, o IBSP e sua RIBSP. O breve Editorial se encerrava convidando “a comunidade científica a fazê-la [a leitura] com olhar crítico e, ainda, a somar esforços conosco na construção do saber, na revisitação aos postulados acadêmicos e na desconstrução dos preconceitos”.
Já em seu primeiro artigo – aquele n.1, v. 1 – nossas palavras como fundador primeiro do Instituto Brasileiro de Segurança Pública (IBSP) foram: “Não se percebe que a ciência busca as verdades ao mesmo tempo em que o pensar científico refuta verdades absolutas e incontestáveis”; assim eram firmados os valores do IBSP: Rigor científico; Isenção ideológica; Liberdade intelectual.
O postulado do “rigor científico” exige que não se confunda produção científica com defesa de opiniões; opiniões não passam de particulares visões de mundo, enquanto ciência é constatação da realidade a partir de abordagens metodológicas, que vão da coleta à análise de dados. Pressuposto disso, vem a opção pela “isenção ideológica”, amparada num pensamento de uma máxima ruptura com a contaminação da ciência pelas ideologias, como proposto por Zaia Brandão (Indagação e convicção: fronteiras entre a ciência e a ideologia, 2010), para quem “ciência e ideologia se encontram em mundos distintos: aquela no campo da indagação e do conhecimento e esta no da convicção e da ação política”. A “liberdade intelectual” ali surgia como elemento de ponderação, apto a dar lugar de fala àqueles que adotam a perspectiva teórica de que a neutralidade científica é utópica.
De fato, por força de seu estatuto social, o IBSP agremia profissionais de polícia, porque optou por vê-los e tê-los como produtores de conhecimento e não meros objetos de pesquisa, dando-lhes lugar de fala, mas nem por isso o IBSP se pôs endógeno, admitindo associados beneméritos e honorários, de fora dos círculos policiais, em seu quadro associativo, como uma instituição e um lugar de fala plural, legitimado pelo método.
Tanto o IBSP como sua Revista, estabeleceram seu foco a partir de 4 linhas: (i) “Pensamento socionormativo de Segurança Pública”, (ii) “Gestão, Tecnologia e Comunicação da Informação em Segurança Pública”, (iii) “Segurança Pública do Meio Ambiente e da Mobilidade” e (iv) "Ciências Policiais"; sob essas linhas, nossa Revista dá prova dos valores adotados, ao disponibilizar à comunidade acadêmica e à sociedade civil – sem qualquer aporte de financiamento público ou privado – 110 artigos científicos produzidos por 178 pesquisadores[1], tanto policiais (civis, militares e federais) como não policiais (doutores, mestres e especialistas), de diversas matizes ideológicas, porém apartados de qualquer espécie de panfletagem política.
Esta edição é a prova viva de que não pensamos em estado de insulamento corporativo, pois os leitores nela verão os primeiros artigos científicos publicados pelos doutorandos vinculados ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás, a partir do Edital de Chamada Conjunto (IBSP/UFG-PPGIDH-NDH) firmado em 10 de junho de 2021.
Por nossa ainda breve história, ao longo desses primeiros 5 anos de fundação (19/10/2017), em que nos firmamos como instituição e alcançamos o reconhecimento da comunidade científica – que nos impõe estarmos sempre abertos àquele convite de olhar crítico que a todos convidamos quando de nossa gênese – é que nos sentimos com musculatura intelectual para seguir adiante em busca do que estabelecemos como visão de futuro (Consolidarmo-nos nacionalmente como referência acadêmica na discussão e construção de saberes sobre segurança pública, pela produção de conhecimento marcado por elevada qualidade acadêmica, extremo rigor científico, pragmatismo e relevância de interesse público) e também, quando julgarmos conveniente, para refutar com urbanidade, no campo acadêmico ético, quaisquer teses ou opiniões, quando não sustentadas pelo primado do método e que não revelem comunhão com os valores do rigor científico, da isenção ideológica e da liberdade intelectual, para nós expressões maiores do respeito à dignidade humana, à cidadania e ao pluralismo político.
[1] Extrato das Edições: v. 1, n. 1 (2018): 09 artigos, 10 autores; v. 1, n. 2 (2018): 06 artigos, 10 autores; v. 1, n. 3 (2018): 18 artigos, 07 autores; v. 2, n. 4 (2019): 13 artigos, 22 autores; v. 2, n. 5 (2019): 11 artigos, 23 autores; v. 3, n. 6 (2020): 11 artigos, 19 autores; v. 3, n. 7 (2020): 12 artigos, 19 autores; v. 4, n. 8 (2021): 10 artigos, 20 autores; v. 4, n. 9 (2021): 10 artigos, 29 autores; v. 4, n. 10 (2021): 10 artigos, 19 autores