Ameaças híbridas de interesse da Segurança e Ordem Pública
DOI:
https://doi.org/10.36776/ribsp.v7i18.231Palavras-chave:
Polícia, ameaças híbridas, campo cognitivo, Segurança Pública, insurgência criminalResumo
O presente artigo insere-se no contexto de crescente complexidade dos ambientes operacionais enfrentados pelas polícias, sobretudo diante de ameaças não convencionais classificadas como ameaças híbridas. O objetivo central da pesquisa foi apresentar e contextualizar as chamadas Ameaças Híbridas de Interesse da Segurança e Ordem Pública (AHISOP), explorando seus impactos no policiamento e sugerindo abordagens para o seu enfrentamento. A metodologia adotada consistiu em revisão bibliográfica sistemática em bases acadêmicas e fontes especializadas, dada a incipiência do tema na produção científica. Os resultados indicam que as AHISOP atuam de modo transversal nas dimensões física, informacional e humana, sendo pouco perceptíveis por vias convencionais e exigindo da polícia não apenas capacidade operacional, mas preparo cognitivo, cultural e estratégico. Evidenciou-se que tais ameaças se valem de desinformação, lawfare, insurgência criminal, narrativas ideológicas e manipulação cultural para minar a autoridade policial, desgastar o moral dos agentes e dificultar a eficácia das ações de segurança pública. Conclui-se que a superioridade operacional frente às AHISOP requer mudança paradigmática no entendimento do ambiente operacional e desenvolvimento de uma cultura institucional voltada ao domínio do campo cognitivo. Recomenda-se o aprofundamento dos estudos sobre a dimensão humana das ameaças híbridas e a adoção de estratégias integradas que contemplem ações cinéticas e não cinéticas, reforçando a resiliência institucional e o preparo do policial como principal agente de enfrentamento.
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